Nota sobre a invasão da Ucrânia
Esta revista gostaria de deixar registrada sua total solidariedade ao povo ucraniano e juntar sua voz àquelas que, das mais diversas partes do mundo, exigem a imediata retirada das tropas russas e a resolução da crise em curso pela via pacífica e negociada. Nada justifica a ignonímia perpetrada pelo presidente russo Vladimir Putin, de ordenar a invasão do país vizinho, com todo o poder destrutivo e letal do exército sob seu comando, e em seguida despejar, sobre o resto do mundo, uma ameaça explícita de emprego do arsenal nuclear, algo que a antiga liderança soviética, nem mesmo nos piores anos da guerra fria, jamais ousou fazer.
Vários motivos podem ser arrolados para explicar a situação ucraniana. Entre os quais, destacam-se o próprio retorno da velha agressividade do Estado russo, tão visível nos métodos truculentos com que já vinha lidando com as nações vizinhas; e a arrogância do bloco liderado pelos Estados Unidos, que teve livre curso após a derrocada da União Soviética, especialmente quanto à política militar projetada para o continente europeu.
Não obstante esses fatores, as lições da história não deveriam mais nos deixar ser enganados pela retórica aparentemente “antiimperialista” de chefes autoritários como Putin, que hoje mal disfarça sua ambição expansionista e a vontade de apertar com ainda mais força os ferros da ditadura com que aflige seu povo. Como a invasão mesma da Ucrânia não deixa dúvidas, suas queixas anteriores — ligadas ao receio de uma expansão da Otan na vizinhança do território russo — se revelaram nada mais do que pretextos para desencadear uma empreitada de conquista pura e simples, injustificável e criminosa.